Retrato dos tempos ignorados
Retrato dos tempos ignorados
Minha alma analfabeta
sai do espelho
e sente o calor terreno
da vida que se liberta.
Meu retrato dos tempos ignorados
vê as paredes cederem
( seu olhar é o Sol do passado)
A vida é assim: meio mortal
(Minha vida daria várias mortes)
Como todas as flores,
avanço cem anos sem fé,
componho notas no presente
e pergunto a paz
quando irei à guerra.
Meu futuro decora regras gramaticais
e observa o passado sendo interditado.
Os dias armam ciladas para as noites
(Depois, com o fim da tarde,
descobri –e rompeu-se os elos-
que eram tolas mentiras
as minhas colossais verdades)
Concerto meu sorriso
e o escondo atrás do armário.
As costas tocam a parede
e o prego roça as costas.
Este vergão que foge ao teu olhar
(e é rosa, e é vermelho)
dará luar a um traço de sangue:
(só arde)
isso é o amor.
O presente afogou-se
Darei, no futuro,
conselhos ao passado.
Talvez poeta, talvez cronista, certamente jovem,
David Maxsuel Lima.