Retrato dos tempos ignorados

12/01/2012 10:17

Retrato dos tempos ignorados

 

Minha alma analfabeta

sai do espelho

e sente o calor terreno

da vida que se liberta.

 

Meu retrato dos tempos ignorados

vê as paredes cederem

( seu olhar é o Sol do passado)

 

A vida é assim: meio mortal

(Minha vida daria várias mortes)

 

Como todas as flores,

avanço cem anos sem fé,

componho notas no presente

e pergunto a paz

quando irei à guerra.

               

Meu futuro decora regras gramaticais

e observa o passado sendo interditado.

 

Os dias armam ciladas para as noites

(Depois, com o fim da tarde,

descobri –e rompeu-se os elos-

que eram tolas mentiras

as minhas colossais verdades)

 

Concerto meu sorriso

e o escondo atrás do armário.

 

As costas tocam a parede

e o prego roça as costas.

Este vergão que foge ao teu olhar

(e é rosa, e é vermelho)

dará luar a um traço de sangue:

(só arde)

isso é o amor.

 

                                               O presente afogou-se

                                               Darei, no futuro,

                                                               conselhos ao passado.

 

 

Talvez poeta, talvez cronista, certamente jovem,          

  David Maxsuel Lima.