Noturnos

03/11/2011 17:15

Noturnos

 

A noite chega

com gosto de tédio

com gosto de dia ruim.

 

A noite chega

sem mais nem menos

olha e não diz nada.

 

A noite chega

querendo arrancar do poeta

um verso por demais à toa.

 

A noite chega

e sem segredos

no sossego dorme.

 

A noite chega

e descansa

e arranha as costelas estrelares.

 

A noite chega

e geme.

 

A noite chega

vacila e inspira

em estado nenhum.

 

A noite chega

e bota transe

nas transas nobres

dos pobres transes.

 

A noite chega

e tosse.

O cigarro queima.

 

A noite chega

folgada

madruga.

 

A noite chega

rabisca qualquer coisa

e escreve e pinta.

 

A noite chega

e se oferece.

Ora.

 

A noite chega

e chega

e vai embora

            −Hora de dormir.