Instantes poéticos ou Reflexões cotidianas
Sobre a vida em Setembro
A vida em Setembro
é como o amanhecer do ano novo:
ficam as velhas coisas vagando pelo espaço.
Sobre a teoria dos sonhos
Os sonhos acumulados
são sonhos.
Os sonhos que também são lutas
têm sabor de realidade.
Sobre o dia
O dia está seco.
As cruzes caíram tarde.
Sobre as melodias
Têm melodias.
Os zunidos vêm.
Não vejo nada,
mas o dia amanhece.
Sobre os pecados
Esses espaços vagos
são pecados contentes.
Sobre escrever
Escrever é completar a vida.
Sobre a leitura
Risco os livros.
Amasso as folhas.
Envaideço-me.
Quem me lê?
Somos pessoas.
Sobre as utilidades
Se nunca errássemos.
Se fossemos perfeitos.
Se nos amássemos.
Se não pecássemos.
Se durássemos muito.
Se sonhássemos e não lutássemos.
Se nos conformássemos.
Viver seria inútil.
Sobre a felicidade
A felicidade é um mal necessário.
Sobre as questões sociais
Como pode
você não me entender
se sou o mesmo que você?
− Você é burro?
Sobre velar as pessoas
Sente-se que velarei você nesse mundo.
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