CONVENCIDOS PELA CALMARIA
Uma banca de revistas e uma floricultura, e do outro lado a escola. Três seguranças que passaram o dia todo admirando a paisagem e discutindo sobre o jogo da noite passada. As crianças circulam e estudam. Os seguranças convencidos pela calmaria resolvem atravessar a rua em busca de literatura inútil. De longe, estão sendo vigiados pelos gêmeos Mathias e Lucas, da turma B, série iniciais.
As câmeras de segurança, com seus olhos digitais, ficam a observar sem serem observadas. Os seguranças passam às vistas no jornal da manhã, onde se encontram noticias dos mais diversos crimes: corruptos e ladrões, mas o que chama a atenção do trio são as revistas para maiores, e eles as “dissecam” como se tudo que vissem teriam utilidade algumas horas à frente. Após a leitura dos pormenores da sedução, os três adquirem rosas vermelhas e vão ao bar da esquina tomar um cafezinho.
Os gêmeos ficaram atentos aos passos dos guardas, com o território livre, abrem o portão e vão a banca comprar figurinhas para preencher um novo álbum. Pagam o vendedor que, desconfiado da situação, pergunta pelos pais deles. Os meninos saem em disparada dando continuidade a aventura.
A seguir, a dupla se desloca para a floricultura, perguntam o preço das rosas e vão saindo, não resistindo a curiosidade, o atendente pergunta aos gêmeos com quem estão, ao tentarem fugir, ambos são impedidos.
Devidamente uniformizados, Júlio, o atendente , se deu conta do acontecido e leva os alunos até a escola, cerca de 50 metros da floricultura, onde entra com facilidade. Os alunos, como se fossem presos recém capturados, voltam cabisbaixo para a sala de aula, sem nem mesmo tomarem o café, ganharam rosas, mas não tinham as revistas proibidas debaixo do braço.
Amambaí, um dia de agosto de 2011.