Bafo dos Selvagens

07/12/2011 08:22

Bafo dos Selvagens

 

     É melhor sentir o calor da selva do que o bafo dos selvagens. Ele invadiu a mata. Sozinho. Escureceu. Sob a luz da lua, conseguiu escrever alguns poemas ao som dos grilos. Não era o bastante; queria mais. Fora à Natureza para senti-la -não desistiria tão fácil. Ali, seu imaginário fluía melhor; não haviam palavras jogadas ao acaso, mas melodias secretas. O poema e a Natureza virgem o guiava a uma nova descoberta.

    Amanhecera. Acordou ao som das cigarras. Estava bem. A beira do lago, lavou o rosto, bebeu água, engoliu todo o verde. Novos poemas foram entregues ao poeta. Insatisfação. Mais e mais, esperava. Todos os pássaros cantavam, sentia-se (e era) o único humano naquele meio fascinante. Espreguiçou-se bocejando. Surpresa: estava sentindo; não sabia o quê, tampouco como explicar tal fenômeno. Era simples, mas complexo, ao mesmo tempo. Fisgou o calor da selva. Como se estivesse sendo seguido, correu desordenadamente. Feriu-se.

    Continuou gritando tarde a dentro, poemas e poemas. Caíra na loucura extrema, a Natureza viva. Abraçou uma árvore. Chorou -treze segundos passaram. Os olhos semicerrados se abriram: não viram nada. Estava cego. Foi jogado para fora da selva.

    Sentiu o bafo dos selvagens.