Ensinamentos com o fim da angústia

17/02/2012 11:13

Ensinamentos com o fim da angústia

 

Abro um arquivo no tempo, escrevo sobre o passado. Sempre um adeus monótono, sem graça como uma criança limpa. As passagens e os arrependimentos; arrependimentos por tantas imbecilidades hoje deploráveis. O vento sangrando o rosto, também atende pelo pseudônimo: consciência.  Errar é mundano, sabe? Acertar também não é grande coisa. Vamos pular o muro hoje, só hoje? Mas você não pula, não pula porque tem medo, porque vicia. E tudo é certo ou errado, só você marciano. Só você tentando existir, só você tentando. Não mate, diz o livro, embora ninguém explique a consistência da morte. É preciso ser gente, e daí? Estudar, trabalhar, comunicar, dormir, acordar, comer, morrer. Morreu porque pensava, coisa boba, gente boa. Não há como deixar o coração batendo ali no quarto e fugir, o mundo vai perceber. O dia não vai parar de morrer por sua causa, princípio do ócio. Por que não espias a liberdade? Deus não quer, Deus não deixa. Deus está cansado e decidi suicidar-se. Mas você não pode fazer nada senão viver. E ninguém explica como se vive – não me ensinaram a ser livre na escola. Abrir um parêntese na vida e enlouquecer? Não pense nisso, é proibido morrer de rir. Não podes parar e cavar sete palmos a cada cinco minutos, então se contente com uma poça d’ água na superfície do destino. Às vezes falta luz e temos que pintar no escuro. Quem é que está pensando em fim? Você não desiste, insiste em procurar. À procura de uma brecha por onde passe o seu futuro, a sua angustia. Acalme-se, a vida é sono profundo. Ninguém morre, contudo há horas para acordar.